quarta-feira, 29 de abril de 2015

Mantenha Acesa a Chama

Conta-se, nos anos idos, que existia um reino muito próspero, com riquezas de causar espanto nos reinos ao redor. Esse reino era governado por um rei que, apesar de todas as suas posses, era um homem extremamente generoso, desapegado, virtuoso e amado por todos. E quanto mais ele doava ao seu povo, mais os cofres do palácio se enchiam.

Um renunciante de outras terras, sabendo da fama do rei, decidiu visita-lo, para tentar descobrir o seu segredo. Esse renunciante se considerava um sábio, pois estudava as sagradas escrituras e levava uma vida de penitência e renúncia, sempre meditando e nunca se deixando contaminar pelos bens materiais. No entanto, era um homem triste e de alma atormentada.

Ao encontrar o rei, pediu-lhe que revelasse qual era o seu segredo de vida, tendo respondido o monarca:

"Vou entregar-lhe uma lamparina acesa. Com ela na mão, você deverá entrar em todos os cômodos do meu palácio, para que possa ver tudo. Mas com uma condição: se a lamparina se apagar, será sua pena de morte. Terá que cuidar para que ele permaneça acesa durante sua visita”.

O renunciante aceitou o desafio, pegou uma lamparina acesa das mãos do rei e começou sua caminhada pelo palácio real.

Horas mais tarde, concluída a tarefa, voltou à presença do rei. Este, perguntou-lhe:

"E então, você conseguiu ver todas as minhas riquezas?"

O homem, que ainda estava tenso e com os nervos à flor da pele, respondeu:

"Lamentavelmente, Majestade, eu não consegui ver absolutamente nada. Fiquei o tempo todo tão preocupado com a lamparina que, apesar de ter entrado em todos os aposentos, só conseguia olhar para a chama e, por isso, não vi nada mais.”

Com um olhar pleno de benevolência e misericórdia, o rei revelou ao homem:

"Pois é este o meu segredo. Coloco toda a atenção e me esforço para que a chama da minha alma permaneça acesa, mantendo a consciência de que a riqueza externa não me afeta, ou seja: é a minha alma desperta que leva luz para o mundo e não as minhas riquezas materiais.”

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